Por um fio / Susana Aleixo Lopes
Escrito por: Cláudia Ferreira · 30/07/2015 · Mutante Magazine
Sinais de Contágio
Artista nascida nos Açores, mas que trabalha usualmente em Coimbra e fez a sua formação na Faculdade de Belas Artes do Porto, expõe na Casa Municipal da Cultura de Coimbra obras de 2015.
Artista nascida nos Açores, mas que trabalha usualmente em Coimbra e fez a sua formação na Faculdade de Belas Artes do Porto, expõe na Casa Municipal da Cultura de Coimbra obras de 2015.
Não compensa
Começou no dia 19 de Junho e prolonga-se até 28 de Agosto: referimo-nos à exposição Por um fio, de Susana Aleixo Lopes, patente na Casa Municipal da Cultura de Coimbra. Em Coimbra, precisamente, e com organização da Mercearia de Arte, projecto de âmbito cultural que começou nesta cidade há já dois anos.
O fio é efectivamente o fio condutor de um conjunto de obras com uma economia de meios admirável; no entanto, à sintaxe circunscrita, corresponde uma semântica extensa. Com efeito, predominam a madeira e as linhas, seja sob a forma de guitas, correntes ou corda sisal. Não esqueçamos, todavia, que o visível é a porta de acesso ao invisível e que, portanto, a arte abre mundos no mundo. Aliás, o mundo passará precisamente pela acoplação das “imagens” que a arte proporciona, como se se engendrassem mútua e notavelmente.
Começou no dia 19 de Junho e prolonga-se até 28 de Agosto: referimo-nos à exposição Por um fio, de Susana Aleixo Lopes, patente na Casa Municipal da Cultura de Coimbra. Em Coimbra, precisamente, e com organização da Mercearia de Arte, projecto de âmbito cultural que começou nesta cidade há já dois anos.
O fio é efectivamente o fio condutor de um conjunto de obras com uma economia de meios admirável; no entanto, à sintaxe circunscrita, corresponde uma semântica extensa. Com efeito, predominam a madeira e as linhas, seja sob a forma de guitas, correntes ou corda sisal. Não esqueçamos, todavia, que o visível é a porta de acesso ao invisível e que, portanto, a arte abre mundos no mundo. Aliás, o mundo passará precisamente pela acoplação das “imagens” que a arte proporciona, como se se engendrassem mútua e notavelmente.
Pesar de Consciência
Assim, a linha que costura as feridas, mas que também as abre, em Regeneração (2015); a linha interior de realidades quebradas, em Naturalmente Falhamos (2015); ou as linhas paralelas de Até que os Sentidos nos Separem (2015); passando pelo sismógrafo rítmico da linha de Pesar de Consciência (2015); ou ainda a suspensão delicada de Tentativa de Fuga(2015)…Estamos realmente presos à(s) e na(s) realidade(s) por um fio: um fio-teia; um fio-costura; um fio-sismo; um fio-mínimo; um fio-exposição; um fio-de-prumo. Camadas delgadas de realidade ou fatias de percepção sólidas, em cujos intervalos se cravam pregos, sinais de 1.390 Formas de Tortura (2015); mas também a noção de que na carne, tenra, se podem enterrar a dúvida e a perplexidade, intervalos dolorosos.
Assim, a linha que costura as feridas, mas que também as abre, em Regeneração (2015); a linha interior de realidades quebradas, em Naturalmente Falhamos (2015); ou as linhas paralelas de Até que os Sentidos nos Separem (2015); passando pelo sismógrafo rítmico da linha de Pesar de Consciência (2015); ou ainda a suspensão delicada de Tentativa de Fuga(2015)…Estamos realmente presos à(s) e na(s) realidade(s) por um fio: um fio-teia; um fio-costura; um fio-sismo; um fio-mínimo; um fio-exposição; um fio-de-prumo. Camadas delgadas de realidade ou fatias de percepção sólidas, em cujos intervalos se cravam pregos, sinais de 1.390 Formas de Tortura (2015); mas também a noção de que na carne, tenra, se podem enterrar a dúvida e a perplexidade, intervalos dolorosos.
Gráfico de Uma Possessão
Nestas obras, Susana Aleixo Lopes tanto apresenta os sentidos em carne viva, como rasga a pele para deixar que irrompam pequenos resquícios de vivências esparsas, de que é exemplo Mapa Mental do Inútil (2015). Chamamos, por fim, a atenção para Gráfico de uma Possessão (2015), súmula expressiva de um programa: o interior – tumultuoso, como que arranhado por unhas que fincam (o que é recorrente nestas obras), articulado, oscilante, agrupado e relativamente unificado pela corda sisal; e o exterior – placa azul lisa, ou seja, o rosto visível em que se destaca um nó, afinal a ruga que na pele a experiência gravou.
Nestas obras, Susana Aleixo Lopes tanto apresenta os sentidos em carne viva, como rasga a pele para deixar que irrompam pequenos resquícios de vivências esparsas, de que é exemplo Mapa Mental do Inútil (2015). Chamamos, por fim, a atenção para Gráfico de uma Possessão (2015), súmula expressiva de um programa: o interior – tumultuoso, como que arranhado por unhas que fincam (o que é recorrente nestas obras), articulado, oscilante, agrupado e relativamente unificado pela corda sisal; e o exterior – placa azul lisa, ou seja, o rosto visível em que se destaca um nó, afinal a ruga que na pele a experiência gravou.
Tentativa de Fuga
Então, aceitemos o repto de Susana Aleixo Lopes: Deixa-te Ir (2015), na abertura proporcionada pelo profundo azul.
Até dia 28 de Agosto, em Coimbra; podendo ser visitada de segunda a sexta, entre as 9.00 e as 18.30, na Rua Pedro Monteiro.
Então, aceitemos o repto de Susana Aleixo Lopes: Deixa-te Ir (2015), na abertura proporcionada pelo profundo azul.
Até dia 28 de Agosto, em Coimbra; podendo ser visitada de segunda a sexta, entre as 9.00 e as 18.30, na Rua Pedro Monteiro.